terça-feira, 4 de junho de 2013

O Irmão Que Eu Não Sabia Que Eu Tinha - Parte 2


O fim dos anos 60 e começo dos anos 70 foram bem animados para a minha família. Meu irmão, que eu não sabia que eu tinha, depois de 22 anos, apareceu na nossa porta. Depois do choque emocional nós começamos a nos conhecer.
Durante mais ou menos um ano ele veio nos visitar quase todos os fins de semana. É importante você entender que as lembranças daquele tempo são memórias fragmentadas na minha mente. Aqueles fins de semana foram extremamente especiais, principalmente para mim. Eu não via a hora da Sexta-Feira chegar.
É claro que ele ficava no meu quarto. Nós tivemos que negociar quem dormiria na cama e quem dormiria no colchão no chão. Eu não lembro quem dormiu aonde. Para mim isto não era importante. O importante que eu teria meu irmão no fim de semana todo.
Um outro aspecto especial da sua visita nos fins de semana é que ele podia jogar futebol com a gente. Eu não preciso dizer que ele jogava no meu time. Ele era goleiro, e por sinal um bom goleiro.
Assim sendo, por quase um ano nós tivemos este evento especial na vida da nossa família. Nosso irmão vinha e ficava conosco durante todo o fim de semana.
ao fim daquele período ele não veio num fim de semana. Eu pensei que algo importante ou alguma emergência tivesse acontecido. Mas a próxima semana veio, e ele não apareceu novamente. Por ser novo, eu não ouvi nada sobre as razões, e ainda não sei, até hoje, por que ele não veio mais.
Por muito tempo eu não ouvi falar dele. A última notícia que eu escutei sobre ele foi quando eu já estava no seminário e meu pai me falou que Tarcisio estava participando do Cursilho e eles queriam que meu pai escrevesse algo para ele.
Acima Tarcisio com minha mãe e meu pai, e abaixo comigo e minha irmã

Infelizmente, eu não tenho informação alguma sobre ele, como endereço, telefone, contatos, etc. Assim sendo, para mim, do mesmo jeito que ele veio ele se foi, e eu não pude fazer nada a respeito.
Durante os anos eu tenho tentado achá-lo, mas sem sucesso. Com o advento da internet a esperança de encontrá-lo retornou. Desde então eu tenho usado todas as ferramentas ao meu dispor, como Google, Facebook, Orkut, etc. para achá-lo e conectar com ele novamente, desde que, agora ele é um dos raros membros da minha família imediata.
Quando eu penso nesta minha experiência eu não posso deixar de pensar na vida da igreja. Existem algumas lições importantes que a igreja deveria aprender com esta estória.
A primeira, é a realidade que temos outros irmãos e irmãs que nós não conhecemos ainda.
A segunda, é que quando Deus decide nos colocar juntos, nós precisamos aprender como viver uns com os outros. Nós precisaremos negociar espaço, estilo, e tudo o mais.
A terceira lição é aprender a trabalhar juntos. No meu caso nós aprendemos a jogar futebol um com o outro, e nós éramos parte do mesmo time, ainda que jogássemos em diferentes posições.
A quarta e mais dolorida lição é aprender a viver quando os outros nos deixam. Esta foi a lição que eu tive que aprender quando ele não voltou mais. Nós vivemos num tempo quando vemos igrejas dividindo, irmãos e irmãs saindo por qualquer razão, e nós não sabemos como lidar com isto, e outras vezes nós lidamos de maneira errada. Nós não podemos nos esquecer que eles são irmãos e irmãs, e nós devemos aprender isto.
Eu ainda tenho esperança de encontrar o meu irmão. Eu continuo procurando por ele. Ele é meu irmão e eu não o esqueci. Por favor ore por mim nesta empreitada.
Tenha uma boa semana,
Pastor Lucas

Um comentário:

http://calebcastellani.blogspot.com disse...

Caro Lucas,
Me passe via Face pvt os dados completos, cidade locais onde ele constumava ficar.
Já achei muita gente desaparecida e, creia, até minha sogra 30 anos depois de haver sido noticiada pela Justiça como morta...
É mole? kkkkk