quarta-feira, 29 de maio de 2013

O Irmão Que Eu Não Sabia Que Eu Tinha


Eu creio que foi no final dos anos 60, um Sábado à tarde normal, como tantos outros. Meu pai, minha mãe, minha avó, minha tia, e minha irmã estavam na sala de jantar tomando um café com bolo, como eles costumavam fazer todos os Sábados. Eu estava no quintal jogando bola com meus amigos da vizinhança. Era a casa da minha avó. A casa tinha um terreno enorme cheio de árvores frutíferas. Nós tínhamos jaboticabeira, mangueira, figueira, limoeiro, e amoreira. No meio destas árvores tinha um grande espaço vazio, grande o suficiente para jogarmos bola. Assim sendo, todos os Sábados os meninos da vizinhança vinham para a nossa casa para um torneio. Era algo importante para os meninos da área.
Enquanto eu estava no quintal jogando bola e a minha família estava tomando café com bolo, alguém bateu na porta. Foi uma batida na porta que causaria uma grande mudança nas nossas vidas. Meu pai foi atender a porta, e parado em frente dele estava um jovem adulto bem vestido de terno e gravata. Meu pai perguntou: “Você deseja alguma coisa?” O rapaz educadamente perguntou: “O senhor é o “Seu” Alcino Pina?” Meu pai respondeu: “Sim, eu sou.” O jovem então detonou a bomba: “Eu sou Tarcísio, seu filho!” Meu pai começou a tremer. Minha irmã e minha mãe correram para ajudá-lo a sentar. Eles então convidaram o rapaz para entrar. Minha tia foi até a porta dos fundos que dava para o quintal e gritou: “LUCAS, CORRE, SEU IRMÃO ESTÁ AQUI!” Eu não prestei muita atenção na parte que dizia “seu irmão está aqui!”, eu apenas ouvi a parte: “Lucas corre”. Assim sendo eu pedi para alguém tomar o meu lugar no time e subi as escadas correndo.
Quando eu cheguei na sala de jantar eu encontrei todo mundo chorando, e ninguém conseguia falar coisa alguma. Com muita dificuldade alguém me apresentou aquele rapaz dizendo: “Este é o seu irmão.” Talvez por causa do meu temperamento, ou talvez por que eu ainda estava pensando no jogo lá no quintal, eu não consegui entender a magnitude daquela notícia. Eu também não conseguia entender toda aquela comoção. Eu fui até ele, me apresentei, disse o meu nome e perguntei: “Dá onde você é?” Ele me disse que era de São Paulo. Sem nem piscar eu perguntei: “Qual é o seu time?” Ele me disse: “Santos Futebol Clube.” Com um grande sorriso nos lábios eu disse: “Eu também.” E com isto começamos a conversar sobre futebol enquanto o resto da família chorava.
Depois que todo mundo se recompôs fomos informados do que estava acontecendo. Esta foi uma viagem a um passado antes de mim. Me informaram que meu pai antes de casar com minha mãe era viúvo. O casamento com minha mãe era o seu segundo casamento, e ele tinha um filho do primeiro casamento. Agora, depois disto a estória fica meio confusa para mim, porque eu não entendi direito os detalhes. O que eu entendi é que a primeira esposa do meu pai morreu durante o parto ou logo depois dele, e que a mãe dela pegou o Tarcisio e o levou para São Paulo e ele não foi mais achado. Eu ouvi estórias de cartas que o meu pai enviou e que retornaram. Assim, por mais de 22 anos, meu pai não teve a mínima idéia do paradeiro do seu filho. Depois de algum tempo como viúvo ele casou com a minha mãe. Mas o segredo sobre meu irmão foi escondido dos filhos até aquele dia.
Quando eu penso sobre esta experiência eu sou transportado para a vida da igreja. Na igreja nós nem sempre conhecemos todos os nossos irmãos e irmãs. Nós, como corpo de Cristo, temos membros da nossa família que nós não conhecemos ainda. Esta é uma descoberta maravilhosa. Durante viagens missionárias pessoas encontram irmãos e irmãs que eles não sabiam que tinham. Esta é a experiência que nós enfrentamos quando lidamos com imigrantes. Quando nos aproximamos deles, nós descobrimos, para a nossa surpresa, que nós temos irmãos e irmãs que nós não sabíamos que tínhamos. Mas esta experiência deveria ser também repetida no relacionamento com outras igrejas que não tem a mesma tradição da nossa. Quando nós fazemos parcerias em trabalhos missionários com elas nós descobrimos que temos outros irmãos e irmãs que nós não sabíamos que tínhamos.
Algumas vezes, Deus, em Sua graça e misericórdia, nos surpreende, ajudando-nos a entender que Sua família é maior do que o nosso grupinho, e que nós precisamos saber e aceitar esta verdade.
Continua...

(Da esquerda para direita) Minha mãe Meninha de Paiva Pina, eu, meu irmão Tarcísio Pina, minha irmã Maria Antonieta de Paiva Pina, e meu pai Alcino Pina.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

REALIDADE OU UTOPIA



No livro de Atos dos Apóstolos encontramos uma mensagem muito interessante no capítulo 9 verso 31 que diz: “A igreja, na verdade, tinha paz por toda Judéia, Galiléia, e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número." 
A nossa igreja vive hoje um clima totalmente adverso aos planos de Deus de tal forma que a realidade  experimentada pela igreja primitiva tornou-se para nós uma utopia, isto é, um sonho, um ideal longe de ser alcançado. 
O texto nos apresenta algumas causas da vida poderosa daquele povo. Descobrimos que aquela paz alicerçava-se em alguns fatos, a saber: 
1- Cristo era o Senhor a pedra fundamental, na qual a igreja se edificava e caminhava. 
2- O crescimento se verificava em dois sentidos: vertical (edificando-se) e horizontal (caminhando), isto é, no sentido vertical crescia para o alto, alcançando a plenitude da comunhão com Deus. No sentido horizontal, crescia para os lados, isto é, os membros desse corpo tinham uma comunhão mais íntima uns com os outros.
3- Eram acompanhados pelo Espírito Santo. Assim sendo, o Espirito de Deus dirigia e amparava a edificação e o caminhar no temor ao Senhor. 
Acontecendo tudo isso, a igreja crescia em número. 
Meus irmãos, isto foi uma realidade na igreja do primeiro século e muitos homens da nossa época consideram tais fatos como uma utopia. 
Teria Deus mudado seus métodos ou teríamos nós encontrado métodos melhores? 
Pastor Lucas Pina
Publicado no boletim da Primeira Igreja Presbiteriana de Araraquara em 16 de Julho de 1978.

terça-feira, 7 de maio de 2013

E POR FALAR EM DINHEIRO...


A CONTRIBUIÇÃO PARA A OBRA CRlSTÃ

Vivemos em um mundo dirigido pelo dinheiro. O dinheiro manda em tudo. É capaz de comprar quase tudo. Trabalhamos e nos matamos para ter um pouco de dinheiro. Alguns trabalham para ter muito dinheiro. Por causa dessa crise econômica em que vivemos, estamos nos tornando especialistas em economia e finanças. Acompanhamos as bolsas de valores, as altas do dólar, as negociações da dívida externa e outras atividades relacionadas ao dinheiro. Todas as causas, boas ou ruins, são sustentadas, bancadas por seus adeptos, de tal forma que sejam divulgadas em todos os lugares. Vemos os políticos de todas as matizes sendo bancados por seguidores. Os capitalistas investem alto na propaganda do seu estilo de vida. Os comunistas e socialistas também gastam muito dinheiro para expor suas idéias. Muitas religiões e igrejas no mundo têm métodos não muito honestos para arrecadar dinheiro, tais como barganhar favores divinos para seus adeptos que contribuem. E assim as coisas andam em nosso mundo. Nessa situação toda, fica uma pergunta no ar: Por que será que os Cristãos não investem também na promoção do Evangelho, já que eles o consideram como a única forma do ser humano obter conhecimento de Deus e de Sua vontade? Já que a pregação do evangelho do Senhor Jesus é a única maneira de salvar o homem perdido. por que os cristãos não sustentam e ampliam as agências que efetivamente estão pregando e divulgando o evangelho? Outra pergunta que nos vem à mente é: Quais são as causas para os cristãos não contribuírem com a obra cristã? Algumas causas aparecem facilmente. A primeira é falta de fé, isto é os cristãos no crêem que o evangelho  é tão necessário assim para o mundo. Crêem que investir em evangelização é algo extremamente deficitário, que não resolverá coisa alguma. Outra causa é a falta de amor; temos em nossas igrejas um povo frio para com as reais necessidades do ser humano. O ser humano de hoje precisa de Jesus, mais do que de dinheiro, droga ou outra coisa qualquer, O cristão simplesmente fecha os olhos para não enxergar. Uma última causa que gostaria de ressaltar é a falta de compromisso. Quando aceitamos Jesus, fizemos um compromisso com Ele, compromisso este que foi reafirmado publicamente no ato de nosso batismo e profissão de fé, de sustentar sua obra aqui no mundo. Isso envolve dinheiro. Os cristãos formam atualmente o grupo mais omisso que existe. São pessoas que não querem ter nenhum compromisso. Não querem se envolver com coisa alguma, e nem investir em sua própria causa. Isso é muito triste. Meus irmãos e irmãs, o nosso desejo é ver o mundo receber a mensagem do evangelho do nosso. Senhor Jesus Cristo. Para isso, precisamos de crentes fortes e comprometidos. Precisamos de missionários dedicados. Precisamos de missões e igrejas intensamente envolvidas com a evangelização. Precisamos de ferramentas e meios adequados para o trabalho. Isso tudo envolve dinheiro e sustento, sem o qual se torna muito difícil o trabalho. AJUDE A ALCANÇAR O MUNDO COM O EVANGELHO DO SENHOR JESUS. CONTRIBUA COM SUA IGREJA E MISSÕES O MÁXIMO QUE VOCÊ PUDER.
Pastor Lucas
(Mensagem publicada no boletim da Igreja Presbiteriana de Ribeirão Preto em 10 de Janeiro de 1988)